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Youssef é condenado a 4 anos de prisão em caso Banestado

Sentença tem ligação com ação penal retomada após descumprimento de acordo de delação premiada; defesa vai recorrer

Curitiba – Pivô da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef foi condenado a quatro anos e quatro meses de prisão em regime fechado e multa pelo crime de corrupção ativa por ter obtido, no ano de 1998, um empréstimo de US$ 1,5 milhão junto à agência das Ilhas Cayman, no Caribe, do extinto Banestado, mediante US$ 131 mil de propina paga ao diretor de Operações Internacionais do banco. O empréstimo foi obtido para uma importadora de carros, a Jabur Toyopar Importação e Comércio de Veículos Ltda.

Esta ação penal foi originalmente proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2003, mas foi suspensa no ano seguinte em decorrência de acordo de delação premiada celebrado pelo MPF e Ministério Público do Paraná com o acusado. Entretanto, como o londrinense foi novamente preso durante a Operação Lava Jato, não cumprindo a promessa de não voltar a atuar no mercado paralelo de dólar, o processo foi reaberto em maio deste ano pela Justiça Federal do Paraná. Apesar da condenação por corrupção ativa, Youssef foi absolvido da acusação de gestão fraudulenta de instituição financeira.

"Alberto Youssef é um criminoso profissional. Teve sua grande chance de abandonar o mundo do crime com o acordo de colaboração premiada, mas a desperdiçou, como indicam os fatos que levaram à rescisão do acordo", diz um trecho da sentença publicada.

Além da apuração sobre o empréstimo mediante pagamento de propina, o Caso Banestado também abrange outro processo que também foi reaberto. Segundo o MPF, o doleiro também responde por crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas e corrupção ativa por ter movimentado irregularmente R$ 345,9 milhões por meio de 43 contas bancárias em nomes de laranjas que abriu em uma agência do banco em Londrina, entre os anos de 1998 e 1999. Entre estas contas, uma das principais era a da Proserv Assessoria Empresarial, usada para depositar R$ 172,9 milhões em contas CC5. O dinheiro que saia do Brasil tinha como destino contas abertas em nome de offshores. O MPF informou que inclusive já está trabalhando nas alegações finais em relação a esta outra ação.

DEFESA

O advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, informou que vai recorrer da decisão e que vai contestar a decisão do juiz Sérgio Moro, que acatou o pedido feito pelo MPF para retomar os processos contra seu cliente, anulando a delação de 2004. "A defesa não foi ouvida na decisão de romper o acordo, é um absurdo. Como também é lamentável ficar sabendo da sentença por meio da imprensa. Não fui intimado sobre a decisão do magistrado. Ainda não analisei o conteúdo da sentença, mas sem dúvida vou recorrer", explicou ele à FOLHA.

LAVA JATO
O doleiro segue preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde o dia 17 de março, quando a Lava Jato foi deflagrada. Seis meses após o início da operação, Youssef já virou réu em cinco ações penais. Em duas delas ele inclusive já foi interrogado (na que apura crimes financeiros por meio de celebração de contratos de câmbio fraudulentos em nome de empresas para pagamentos no exterior de importações fictícias, entre elas a Labogen S/A Química Fina; e na outra sobre lavagem de dinheiro produto de tráfico de drogas).

As demais ações penais em que Youssef é réu apontam para crimes de lavagem de dinheiro produto de desvios de recursos públicos da Petrobras (mesmo processo em que é citado Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal); operação irregular de instituição financeira e evasão de divisas no valor de US$ 78,2 milhões mediante 1.114 contratos de câmbio fraudulentos envolvendo duas empresas offshore entre junho de 2011 e março deste ano; e crimes de lavagem de dinheiro conta a Administração Pública Federal, de parte do dinheiro do mensalão (processo em que familiares de José Janene também são citados).

fonte - folha de londrina
Rubens Chueire Jr.
Reportagem Local
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