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Justiça manda liberar rodovias estaduais

Caminhoneiros diminuem manifestações em estradas federais e endurecem bloqueios nas estaduais na região de Londrina

Fotos: Anderson Coelho
Bloqueio na PR-445 era um dos 44 mantidos em vias estaduais ontem
O motorista Claudenir Zulian barra colega que tentou furar bloqueio
A Justiça do Paraná determinou no início da noite de ontem a liberação de duas rodovias estaduais que estavam bloqueadas pela paralisação dos caminhoneiros, em Sertanópolis e Ivaiporã. Autor de 27 ações do tipo, o procurador-geral do Estado, Ubirajara Ayres Gasparin, afirmou que esperava novas liminares até o fim da noite de ontem no mesmo sentido.

A decisão prevê multa de R$ 5 mil por dia para os caminhoneiros que impedirem a passagem de veículos. "Vale imediatamente após a intimação dos caminhoneiros e sindicatos. A tendência é que a Justiça reconheça os outros pedidos e até o começo da semana que vêm todas as rodovias estejam liberadas", afirmou Gasparin.

Na região de Londrina, os caminhoneiros deixaram ontem as rodovias federais e focaram as estaduais, para escapar do risco de multas de R$ 10 mil por veículo determinadas por liminares obtidas pela Advocacia Geral da União (AGU). Entretanto, os grevistas endureceram os bloqueios e disseram que podem voltar às federais.

De acordo com balanço das 17h30 da Polícia Rodoviária Federal (PRF), 61 bloqueios estavam ativos em BRs no País, das quais 12 no Paraná. Os números são menores do que os do dia anterior: 84 e 19, respectivamente. Segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), às 16h30 o Estado tinha 44 piquetes ativos, mais do que os 40 da noite anterior.

Um dos líderes da paralisação na PR-445, na saída para Tamarana, o autônomo que se identificou apenas como Fábio disse que a categoria "trancaria as estaduais". "O que nos passaram é que a liminar para as federais caíram e ainda podemos voltar para lá, mas estamos fechando tudo na região, perto do (posto) Cupim, do (posto) Portelão, em Tamarana, Nova Fátima, Apucarana e Arapongas", disse.

Ele afirmou que há apoio de transportadoras ao movimento, com entrega de água e refeições, mas que empresários e sindicatos não participam diretamente. "Queremos tabelamento justo do frete, mais segurança e estrutura para aquela lei de descanso valer, porque não adianta dirigir poucas horas se não temos onde parar; uma revisão da nossa aposentadoria, porque aumentaram os anos e ficou difícil, e não pagar pedágio quando estamos vazios, porque não estamos faturando", completou.

Tensão

A reportagem flagrou o momento em que um caminhoneiro de uma transportadora tentou furar o bloqueio, ao passar por cima de um canteiro. Dois grevistas barraram, em uma moto, a passagem do caminhão e, aos gritos e com tapas na lataria do veículo, fizeram com que o motorista recuasse e fizesse parte do piquete.

Responsável por barrar a passagem do veículo, o autônomo Claudenir Zulian pediu apoio de colegas da categoria. "Não somos vândalos, mas queremos a colaboração de todos. Não precisa pular o meio-fio , precisamos de apoio, críticas ao governo, que saiam para a rua para se manifestar", disse, mais calmo.

Para André Soares, funcionário de uma transportadora que havia sido parado de modo semelhante momentos antes, a tensão nas paralisações tem aumentado. "Apoio a manifestação da categoria, mas tem de ser pacífica, não precisa disso."

Apoio de professores

Os caminhoneiros também ganharam o apoio de outras categorias, como empresários do setor de alimentos, produtores rurais e professores, que forneceram apoio logístico e engrossaram o coro nos piquetes. Diretora de escola estadual em Cambé, Fátima Mandelli convocou a comunidade para participar do movimento, na PR-445, perto do trevo de acesso a Londrina. "O povo tem de se mobilizar, porque ninguém aguenta mais. Está na hora de se dar valor a quem merece", disse.

No local, foram montadas barracas e uma empresa de bufê se prontificou a fornecer refeições na manhã de hoje. Juntas, as duas categorias entoavam gritos de protesto, como "sem professor e sem caminhão, o Brasil fica na mão" e "enquanto eu dirijo meu caminhão, mulher de deputado anda de avião". Motoristas de veículos de passeio que passavam pelo local buzinavam e faziam sinais de aprovação.

A greve, iniciada na semana passada, já prejudica o agronegócio do Paraná (leia na página 4).
Fábio Galiotto
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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