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Terceira idade investe em lazer, saúde e beleza

Pesquisa do SPC mostrou que quase metade dos idosos passou a gastar mais com produtos e serviços que vão além das suas necessidades básicas

Gustavo Carneiro
Alzira Freitas faz questão de viajar pelo menos uma vez por ano: turismo se tornou uma prioridade
Com o aumento da expectativa de vida e o consequente crescimento da população idosa, a terceira idade se tornou um público em potencial para o comércio e para a prestação de serviços. Pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostrou que 41% dos idosos passaram a gastar mais com produtos que desejam do que com itens relacionados às suas necessidades básicas. Quase metade declarou que o lazer se tornou uma atividade mais frequente com a chegada da terceira idade, 33% afirmaram investir em roupas e 26% em produtos de beleza ou tratamentos estéticos para manter a boa aparência. Para um quarto dos entrevistados, as compras ainda se tornaram uma forma de lazer.

Para o professor de Finanças do Isae/FGV, Sérgio Itamar, o público da terceira idade deixou de ser um público potencial para se tornar um público real e crescente para o comércio e o setor de serviços. Além disso, esta faixa etária da população tem conquistado um poder aquisitivo mais alto, e não aceita mais se adaptar a um produto – deseja, sim, que o produto se adapte a ele. "É uma oportunidade gigantesca para empresas que estão no segmento."

Alzira Martins Freitas, de 67 anos, faz questão de viajar pelo menos uma vez por ano. Todo mês, ela guarda R$ 200 para esta finalidade. O turismo se tornou uma de suas prioridades. "Hoje o pessoal da terceira idade busca muito pacotes de viagem, dependendo de sua condição financeira. Eles estão perdendo o medo de viajar", conta ela. Outros produtos e serviços também se tornaram muito presentes na vida das pessoas de terceira idade, opina Alzira: academias, aulas de dança e centros de rejuvenescimento são alguns deles.

"As mulheres são vaidosas. Não é só porque envelhecemos que temos que andar desarrumadas." Roupas, segundo ela, também precisam ser bonitas. "Antigamente, principalmente a gordinha idosa, tinha muitos problemas em encontrar roupas. Hoje já conseguimos encontrar, para terceira idade, modelos bem bonitos." A tecnologia, de acordo com Alzira, também se tornou uma realidade no dia a dia da terceira idade. "A mulherada está toda atualizada!", brinca.

Na pesquisa da SPC, por sua vez, os idosos admitiram enfrentar dificuldades para encontrar produtos e serviços destinados ao público de sua idade. Entre os itens dos quais sentem mais falta estão as roupas, os celulares com letras e teclados maiores, locais frequentados por pessoas da mesma idade, turismo exclusivo e produtos de beleza.

SERVIÇOS

Na agência de turismo NavegaTur, em Londrina, os idosos são os principais clientes, afirma o gerente comercial, Giovanni Vançan Prata. A agência foi fundada pela avó - e uma sócia -, quando ela se aposentou como professora. Na época, as duas notaram que o público desta faixa etária tinha muita vontade de viajar. "Grande parte do nosso público hoje vem deste nicho. Cada vez mais a terceira idade tem disposição para viajar." Segundo Giovanni, os idosos começam com destinos "pequenos", como Gramado (RS) ou Holambra (SP). "Mas depois de um ou dois anos, logo estão indo para a Europa." Por mês, a agência organiza em média duas excursões em que a maioria dos viajantes é composta por idosos.

Na academia Work-Out, em Londrina, cerca de 40% dos alunos são da terceira idade, afirma o proprietário, Fernando Kléber do Carmo. "Na terceira idade as pessoas começam a perder massa muscular e a única coisa que podem fazer para reverter isso são exercícios musculares." De acordo com Carmo, a procura de idosos pela academia tem, em primeiro lugar, relação com a qualidade de vida. "Mas estética também é importante. Este é um público muito fiel." O conferente Joaquim Fidelis, de 66 anos, frequenta a academia pelo menos quatro vezes por semana. Faz esteira, bicicleta e um pouco de peso. "Minha saúde sempre foi 100%. Tem que se cuidar."


Mie Francine Chiba
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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