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PR tem mais vigilantes privados que policiais

No Brasil, número de profissionais é quase cinco vezes maior que o contingente do Exército

Anderson Coelho
Cursos de formação dos profissionais inclui defesa pessoal e aptidão psicológica
Londrina – A sensação de insegurança faz com que as pessoas e empresas gastem cada vez com segurança privada. E isso tem feito o mercado de vigilância crescer. No Brasil, o número de vigilantes privados é de 989 mil profissionais, quase cinco vezes mais que o contingente do Exército. No Paraná, são 35 mil vigilantes legalizados, mais que as Polícias Militar (20 mil) e Civil (5 mil) juntas.

As empresas estão presentes em estabelecimentos dos mais variados ramos, além de atuarem em shows musicais, festas populares e eventos esportivos, culturais e religiosos. A Polícia Federal (PF) é quem fiscaliza o funcionamento destas empresas, que precisa ser renovado anualmente.

"Em virtude da deficiência do Estado em promover segurança pública, as pessoas têm investido cada vez mais na particular e isso explica os números", frisou João Soares, presidente do Sindicatos dos Vigilantes do Paraná.

Para Ademílson Alves Batista, presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Londrina e Região (Sindipol), o crescimento deste mercado se apoia em fatores como o aumento da criminalidade e o crescimento das cidades e da população, além do efetivo policial defasado. "De qualquer forma esta vigilância privada acaba colaborando com o trabalho de aumentar a segurança das pessoas, que é uma obrigação do poder público", apontou.

Para quem recorre a um serviço de segurança privada é preciso tomar cuidado com as empresas e profissionais clandestinos. De acordo com o Sindicato dos Vigilantes, para cada vigilante regularizado no Paraná existem outros três irregulares. Para as 127 empresas liberadas pela PF para atuarem no Estado, há pelos menos outras mil trabalhando na ilegalidade, estima a entidade.

"Temos muitos (vigilantes) que são contratados para atuarem em casas noturnas, eventos e fazendo a vigilância de residências durante a noite. São pessoas sem treinamento e capacitação, que muitas vezes extorquem e ameaçam os contratantes. Recorrer a esses profissionais ou a essas empresas é muito perigoso e traz ainda mais insegurança", alertou João Soares.

A coordenadora do Observatório das Metrópoles, núcleo da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ana Lucia Rodrigues, credita o aumento da rede de segurança privada à sensação de insegurança, "muitas vezes produto de espetaculização da mídia", e ao "aumento de renda e do consumo por parte da população brasileira", além da legislação, que obriga a contratação de agentes privados para eventos particulares. "Pesquisas da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), inclusive no Paraná, mostram que muitas pessoas se sentem inseguras, mas nunca foram vítimas e nem tiveram parentes próximos passando por uma situação de violência. É uma prova que o medo é muito maior do que o que acontece no dia a dia", opinou.

A professora do departamento de Ciências Sociais, ressaltou, porém, que isso não significa que não há violência, muito pelo contrário. "Os índices de homicídios, inclusive nas pequenas cidades, têm aumentado", frisou.

De acordo com Ana Lucia, a diminuição da violência não está atrelada somente a uma eficiência maior das políticas de segurança pública ou aumento do efetivo. "A solução não está na repressão, mas sim em investimentos robustos em políticas sociais. Investir em educação, políticas urbanas e de inclusão vai contribuir, inclusive, para uma diminuição da indústria da segurança privada", concluiu.

fonte - FOLHA DE LONDRINA
Lucio Flávio Cruz
Reportagem Local
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