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DESAQUECIMENTO - Momento econômico afeta receita dos serviços

Setor teve expansão de 4,5% em agosto, com desaquecimento dos transportes

Arquivo FOLHA
Segmento de transportes foi afetado pelo desaquecimento da demanda da indústria: frete menor
A receita do setor de serviços cresceu 4,5% em agosto em relação ao mesmo período de 2013, índice menor que os registrados em junho e julho, de 5,8% e 4,6%, respectivamente. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que as atividades de informação e comunicação e de transportes foram as mais desaquecidas no período e responsáveis pela desaceleração do índice, que chegou a menor patamar da série histórica, iniciada em 2012. No ano, a receita do setor acumula alta de 6,7% e em 12 meses, de 7,4%.

O técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Roberto Saldanha, ressalta que os transportes terrestres saíram de uma expansão de 4,3% em julho para apenas 0,8% em agosto, principalmente em função do desaquecimento da demanda por transporte rodoviário de cargas, basicamente pela indústria. "O setor industrial está em processo de redução de custos. Isso está levando as empresas de transportes a reduzir seu frete", explicou.

Para o técnico do IBGE, se houver tendência de aquecimento do setor industrial, os transportes tendem a crescer, pois são dois setores atrelados. "A indústria recobrando seu nível de crescimento, a tendência é o transporte rodoviário de carga acompanhar essa tendência", pondera. No setor de informação e comunicação, os serviços audiovisuais de edição e agências de notícias, que chegaram a ter alta de 22,8% em junho, apresentaram o maior recuo, passando de 2,2% em julho para 0,9% em agosto.

Os outros três segmentos pesquisados pelo IBGE registraram crescimento. Os serviços prestados às famílias expandiram 9%, com destaque para alojamento e alimentação; os serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram 7,9%; e outros serviços, 10,6%. Os dados da PMS não levam em conta um fator deflacionário, o que, para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), torna o índice irreal.

O economista da entidade, Fábio Bentes, analisa a expansão da receita dos serviços frente à inflação do setor acumulada nos últimos 12 meses. "Descontado o IPCA de serviços (8,4%) a gente conclui que o setor teve queda real de -3,9% na receita. Mesmo o crescimento nominal de 4,5% no faturamento não é tão bom, porque se você olhar o comércio, por exemplo, está crescendo 12%", compara Bentes.

O setor de serviços representa hoje cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. No entanto, o IBGE pesquisa cerca de metade dele, já que exclui saúde, educação, administração pública e aluguel imputado. O economista da CNC ressalta a importância dos serviços para a economia nacional e acredita que a falta de investimentos expliquem a queda no desempenho de segmentos como o de transportes terrestres.

"Boa parte é de serviços prestados para empresas, e se as empresas estão com receio de investir, fica para o ano que vem uma reativação da economia", acredita ele. Para o economista, a produtividade dos trabalhadores não está acompanhando o aumento da remuneração, por isso, é preciso investir na qualificação da mão de obra. Bentes prevê que o setor de serviços feche 2014 com queda real no faturamento. (Com agências)


Cecília França
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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