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‘Bailão’ no museu reúne 90 idosos

Ao som de ritmos como xote, forró e vanerão, casais se divertiram ontem à tarde no Baile do Candeeiro

Ricardo Chicarelli
O espaço que um dia abrigou viajantes que chegavam de vários pontos do Brasil despertou boas lembranças nos participantes
Londrina - Quando o arquiteto Vilanova Artigas projetou o prédio da antiga Rodoviária de Londrina provavelmente não imaginava que o saguão principal se tornaria um grande salão de baile. Na tarde de ontem cerca de 90 pessoas da terceira idade fizeram uma grande festa no Museu de Arte de Londrina (MAL). Boa parte dos homens foi ao evento com trajes sociais. As mulheres optaram em sua maioria por vestidos de estilos variados e o rosto bem maquiado indicava que a data era especial.

O Baile do Candeeiro é uma atividade de extensão do Projeto Candeeiro, que realiza apresentações musicais nos centros de convivência e asilos de Londrina, e conta com o patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic). Mas para quem esteve presente representou muito mais. A banda executou ritmos como o xote, forró, bolero, vanerão, tango e músicas românticas. Como não se animar com músicas de Luiz Gonzaga ou de um bolero de Nat King Cole?

O espaço que um dia abrigou um fluxo intenso de viajantes que chegavam e partiam para vários pontos do Brasil talvez nunca tenha visto tantos pés de valsa reunidos e despertou boas lembranças dos participantes. A gerente de ação cultural da Secretaria de Cultura, Pamela Salles, destacou que muitos idosos gostaram da escolha do local, pois relembraram da época em que frequentaram a rodoviária.

A costureira aposentada Rita Ferreira da Silva, de 58 anos, por exemplo, se recorda do tempo em que frequentava muito o espaço para viajar. "Eu não imaginava que um dia iria dançar aqui. Se tivesse bailes assim naquela época, ninguém mais iria viajar, todos ficariam para dançar", exagerou.

Seu marido, Deonildo Francisco da Silva, de 67 anos, destacou que além de se divertir, a dança é um ótimo exercício para as pernas. "É melhor que fazer fisioterapia", resumiu. O casal relembrou de vários lugares que frequentavam quando mais novos como o Carinhoso, Fuscão Preto e Som de Cristal. "Dançar é ótimo. Pena que em Londrina não tenha mais tantos bailes assim. Temos que ir à Cambé para isso", relatou.

CONTAGIANTE
O ambiente musical é tão contagiante que fez uma pessoa que não gostava de dançar passar a frequentar os bailes. A professora Maria de Lourdes Lombardi, de 69 anos, não tinha o costume de sair para dançar quando jovem, mas acabou sendo convencida pelo comerciante aposentado, Ângelo Gote, de 84 anos. A sintonia dos dois durante o baile era latente, com a sincronia dos passos muito bem executada.

Os candeeiros ficaram somente no nome do baile, mas a costureira aposentada Cleudes Aparecida Cavacino, de 69 anos, se recorda do tempo em que dançava iluminada por lampiões. "Na época eu morava no (Patrimônio) Heimtal e os bailes aconteciam nos terreiros de café. Eram canções caipiras que eram executadas na base da sanfona, do violão e do pandeiro. Essas festas começavam às 21 horas e só terminavam às 4 horas da manhã", relembrou.

Nos momentos mais animados, 22 casais dividiam a pista de dança. Diante da falta de homens presentes no salão valia dançar mulher com mulher ou mulheres sozinhas. A auxiliar de enfermagem aposentada, Maria Helena Militão, de 72 anos, afirmou que já dançou acompanhada por muito tempo, mas mudou de gosto. "Hoje prefiro dançar sozinha. Fico mais solta e mais livre. Mas sinto falta dos bailes no Grêmio e no Clube Bandeirantes".

A gerente de Articulação Comunitária da Secretaria Municipal do Idoso, Maria Ângela Santini, destacou que o baile é um resgate das músicas tradicionais e que trazem à lembrança a vivência que que essas pessoas tiveram na época da juventude e no começo da fase adulta. "É um momento de alegria para socializarem", ressaltou.
Vítor Ogawa
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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