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20 presos são transferidos após rebelião

Londrina receberia oito detentos de Maringá; motim é o 22º do ano no Estado

Fotos: Marcos Zanutto
Revolta começou no final da tarde de domingo e durou quase 17 horas
Movimentação foi acompanhada com apreensão por parentes dos internos
Maringá – Depois de quase 17 horas de tensão, os detentos rebelados liberaram, no final da manhã de ontem, os dois agentes penitenciários que eram mantidos como reféns durante rebelião na Penitenciária Estadual de Maringá (PEM). O 22º motim do ano nas penitenciárias do Estado chegou ao fim após o governo atender a reivindicação de transferir 20 dos 57 rebelados. Segundo a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), oito foram levados para Londrina, oito para Foz do Iguaçu (Oeste) e quatro para o Complexo Penal de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.

A rebelião começou no final da tarde de domingo, após o horário da visita. Armados com estoques, alguns internos atacaram os dez agentes que levavam os presos de volta para as celas. Alguns funcionários tiveram perfurações nas mãos, mas conseguiram escapar. Dois agentes não resistiram e foram feitos reféns. De acordo com o secretário-geral do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), José Roberto Neves, que acompanhou o motim, ambos foram liberados ilesos. Já os feridos receberam atendimento médico e passam bem. Desta vez, nenhum preso foi feito refém. A movimentação foi acompanhada com apreensão por parentes dos internos.

O diretor da PEM, Vaine Gomes, tentou minimizar o ocorrido. "Apenas uma galeria da unidade foi tomada, com quatro celas destruídas. Consideramos o caso um motim isolado, não uma rebelião", ponderou. Gomes também negou superlotação na penitenciária. A unidade tem capacidade para 374 homens, mas abrigava 398 antes da revolta. "É um excedente aceitável", defendeu.

Já Neves classificou o episódio como "grave e inaceitável" e cobrou uma solução do governo estadual. "É preciso investimento no setor penitenciário. Sem melhorias, as condições de trabalho ficam comprometidas. Temos agentes com problemas psicológicos causados pela tensão e pelas rebeliões", criticou.

Amanhã, o Sindarspen vai fazer um ato público em frente ao Palácio do Iguaçu, em Curitiba, para cobrar investimentos do governo do Estado no sistema penitenciário. Na pauta da manifestação, os agentes incluíram a criação da uma secretaria específica para cuidar das unidades prisionais do Estado. "Faltam pessoas que entendem de segurança na Seju", alfinetou o presidente do Sindarspen, Anthony Johnson. A categoria defende ainda a autonomia do Departamento Penitenciário (Depen), que hoje é ligado à Seju.

Para Johnson, a situação atual, que resultou em 22 rebeliões e 45 agentes feitos reféns, está "insustentável". "Com certeza alguma coisa deu errado na gestão prisional do Paraná. As mudanças são necessárias", alertou. O presidente do Sindarspen acredita que novos motins podem ocorrer. "Não tenho como confirmar, mas tudo indica que eles podem estourar em presídios de Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão e Londrina", destacou. Na unidade 2 da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL), as ameaças são constantes. "Os presos falam que vão tomar a unidade, que a situação vai ficar ainda mais complicada", disse.

Na quarta-feira passada, após o fim da rebelião na Penitenciária Industrial de Guarapuava (Centro-Sul), que durou 46 horas, o governador Beto Richa havia anunciado medidas para coibir rebeliões, como novos padrões nos procedimentos de segurança e uso de equipamentos tecnológicos para monitorar a movimentação de presos e de visitantes nas unidades.

A Seju informou, por meio da assessoria de imprensa, que esta semana a diretoria técnica vai estudar maneiras de colocar em prática o novo plano de segurança nas penitenciárias. A primeira ação será encaminhar para a Assembleia Legislativa um projeto de lei que obriga as companhias telefônicas a bloquear sinais de celulares dentro das penitenciárias. A pasta não comentou a reivindicação da categoria sobre a criação de uma secretaria para cuidar exclusivamente do sistema penitenciário do Estado.(Colaborou Guilherme Batista/Equipe Bonde).
Celso Felizardo
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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