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Os perigos de furar o pedágio

Mulher morreu após o marido passar por fora da cancela em praça na BR-369

Fotos: Ricardo Chicarelli
Motociclistas se valem do tamanho do veículo e furam o pedágio mesmo sem o acionamento da cancela, passando pela lateral
ABCR não possui dados sobre o número de motoristas que não pagam pedágio no País e nem estimativa do prejuízo que isso traz
Londrina – Um acidente com vítima fatal no último domingo em uma praça de pedágio da BR-369 reacendeu a discussão sobre os motoristas que tentam burlar o pagamento da tarifa furando o pedágio. A colisão em Jacarezinho (Norte Pioneiro) resultou na morte de uma mulher de 35 anos, que estava na garupa de uma moto, e em ferimentos no seu marido, que era o condutor.

A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) não possui dados sobre o número de motoristas que não pagam pedágio diariamente no País e nem estimativa do prejuízo que isso traz. Porém, bastam poucos minutos de observação em qualquer praça para flagrar a passagem de carros sem pagar.

A maioria dos condutores se aproxima muito do veículo da frente e aproveita a abertura da cancela para seguir o fluxo. Já os motociclistas se valem do tamanho do veículo e furam o pedágio mesmo sem o acionamento da cancela, passando pela lateral.

"O que mais nos incomoda não é o que se deixa de arrecadar, mas sim os riscos que essa prática traz para outros usuários e funcionários das concessionárias. Registramos com muita frequência colisões traseiras, atropelamentos e danos materiais nos imóveis em virtude deste tipo de ação", relata João Chiminazzo Neto, diretor regional da ABCR no Paraná e Santa Catarina.

A infração de evasão do pedágio é considerada grave e resulta em multa de R$ 127 e na perda de cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). De acordo com a ABCR, em algumas oportunidades, as polícias rodoviárias Estadual e Federal realizam ações nas praças de pedágio para coibir este tipo de prática e multar os infratores.

"Quando é possível, informamos a polícia sobre determinado veículo que é parado no próximo posto policial e tem a opção de fazer o pagamento. Já constatamos usuários que furam constantemente as praças. Em um caso específico, a dívida era de R$ 5 mil. Acionamos a Justiça, que condenou o motorista a pagar", ressalta Chiminazzo. Todos os veículos que passam por uma praça de pedágio têm a placa fotografada.

Os usuários se dividem em relação aos motivos que levam motoristas a burlar a lei, mas a grande maioria é contra a atitude. O técnico em automação Fábio Petrilho, 41 anos, viaja toda a semana para diversas cidades do Paraná e relata que é muito comum flagrar motoristas colados no seu carro para não pagar o pedágio. "A tarifa serve para melhorar a rodovia. Se eu pago, porque um ou outro não quer pagar? Não acho justo", lamenta.

Já o sitiante Afonso Pelisson, 70, acredita que o alto preço do pedágio colabora com esta prática. "Realmente o valor deveria baixar, mas existem outras formas de reivindicar isso", frisa. O aposentado Antônio Moraes, 62, entende que a tarifa não deveria ser mais do que R$ 5. "Assim como acontece em muitos serviços, no pedágio também deveria haver isenções para idosos e deficientes físicos", sugere.

João Chiminazzo rechaça a ideia de protestar sobre o valor do pedágio não pagando a taxa estipulada. "Não pagar o pedágio é uma contravenção e uma irresponsabilidade perigosa. Muitos usuários reclamam da injustiça quando alguns não pagam", garante.
Lucio Flávio Cruz
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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