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PROJETO RONDON - Lição de vida e de cidadania

UEL está com inscrições abertas para o Projeto Rondon; ex-voluntárias contam sobre a experiência

 
Anderson Coelho
Camila Balestri dos Santos e Mônica de Oliveira Belém: "A nossa visão de mundo muda completamente"
Arquivo Pessoal
No ano passado, atividades foram desenvolvidas em Queimada Nova, cidade do Piauí com 10 mil habitantes
Londrina - Como você se sentiria se oferecessem uma temporada de 12 dias em um município com cerca de 10 mil habitantes, com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo e sem muitos atrativos turísticos? Se a palavra "feliz" não está entre as que pensou, é porque você não fez parte do grupo de estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL) que integrou a Operação Canudos do Projeto Rondon, no ano passado.

O Rondon é um projeto do Ministério da Defesa que visa a integração social por meio da participação voluntária de universitários, que contribuem para o desenvolvimento sustentável de comunidades carentes. Para quem estuda na UEL, o projeto está com inscrições abertas até o dia 8 de agosto. Neste ano, a comunidade visitada será a de Tacima (PB), com 10 mil habitantes e IDH de 0,548. Vale lembrar que quanto mais próximo de 1,000 este IDH atingir, melhor o desenvolvimento humano. Só para comparar, Londrina possui um IDH de 0,778.

São condições semelhantes ao que um grupo da UEL encontrou no município de Queimada Nova (PI) no início do ano passado. A reportagem conversou com duas ex-integrantes do projeto, a biomédica Mônica de Oliveira Belém, de 23 anos, e a graduanda em Geografia Camila Balestri dos Santos, de 25.

Indagadas sobre as melhores lembranças do projeto, um misto de sorrisos e expressões de felicidade surgiram e a resposta estava na ponta da língua: o contato com as pessoas de lá. "Nos receberam superbem. Trataram a gente desde o primeiro dia como amigos. Durantes as oficinas que oferecíamos acontecia uma troca de experiências. Foi muito interessante ", destacou Camila. Mônica, por sua vez, ressaltou que mesmo as pessoas mais idosas, que geralmente são mais resistentes ao aprendizado, foram receptivas e participaram das oficinas. "A nossa visão de mundo muda completamente. Saímos de uma visão de um mundo com conforto para ir a um lugar completamente diferente", ressaltou.

Segundo elas, cada integrante do grupo ajudou em sua área. Camila ensinou sobre destinação correta dos resíduos sólidos, explicando como fazer um aterro sanitário simplificado e como formar um Conselho do Meio Ambiente. Mônica ensinou como fazer a destinação do lixo correta e fez uma análise das fontes de água potável do município. "Fiz uma análise rápida e quase todas estavam contaminadas. Ensinei a fazer um tratamento básico por meio da fervura da água e com a aplicação de água sanitária na água. Também ensinei a fazer sabão com o óleo usado da cozinha", destacou.

As jovens contaram que uma estudante de Engenharia Civil que ensinou os moradores a fazer fossas sépticas e uma de Agronomia trabalhou no cultivo de culturas mais adaptadas aos períodos de seca.

Elas lembraram que no período em que ficaram por lá coincidiu com a chegada da chuva, fenômeno raro por lá. "Começamos a dar valor para pequenas coisas. Quando choveu por lá, foi uma festa", destacou Mônica, que enfatizou que não houve dificuldades para cumprir as oficinas que tinham sido planejadas. A experiência com outra realidade também mudou a visão de alguns programas sociais que o governo federal oferece. "Aqui no Sul há uma crítica grande contra o programa Bolsa Família, mas lá eles necessitam disso. São agricultores, mas não dá para plantar sem água. Não dá para fazer chover. Com a ajuda do governo eles conseguem alguma coisa para comer", observou.
Vítor Ogawa
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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